Relembrando a História do Brasil no seu Bicentenário de Independência (1822-2022) #4

POPB/004/2022

O DIA DO FICO

“O ano de 1822 abria-se com um grande ponto de interrogação: obedeceria afinal o príncipe regente (Dom Pedro) à intimação vinda de Portugal, quando fosse reiterada, ou permaneceria de todo no Brasil?  A partida do príncipe real implicava certamente a separação com a independência da secção americana (Brasil) da monarquia.

O príncipe era sabedor que nas lojas maçônicas, das quase eram membros ou acabaram por fazer parte todos os propagandistas da nossa nacionalidade, se trabalhava com afinco pela organização do reino ultramarino de um governo perpetuamente livre, que como tal não poderia deixar de ser independente.  A ideia de aclama-lo imperador no dia do seu vigésimo terceiro (23) aniversario, a 12 de Outubro de 1821...alli fora concebida”.

Dona Leopoldina enxergava claramente o momento histórico e era decididamente pela permanência de Dom Pedro , portanto pela causa brasileira. “O príncipe está decidido, mas não tanto quanto eu desejaria”, repetia em 8 de janeiro, véspera do Fico.

A fala do presidente do Senado da Câmara (Rio de Janeiro) foi toda elaborada no sentido de que, para poupar grandes males, suspendesse o príncipe a partida (para Portugal) até nova determinação das Côrtes.

Segundo o auto (da sessão do dia 09 de janeiro), a resposta do príncipe foi a seguinte: “Convencido de que a presença da minha pessoa no Brasil interessa ao bem de toda a nação portuguesa, e conhecido que a vontade de algumas províncias (brasileiras) assim o requer, demorei a minha sahida até que as Côrtes e meu Augusto Pai e Senhor deliberem a este respeito, com perfeito conhecimento das circunstancias que tem ocorrido”.

O auto diz todavia no post scriptum que as palavras de S.A.Real foram lançadas menos exatamente no termo, devendo ser substituídas pelas verdadeiras, que foram as seguintes: “Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto; diga ao povo que fico”.

Fonte: O Movimento da Independência (1821-1822), Oliveira Lima. Com Melhoramentos de São Paulo,1922, cap. VIII. (Grafia portuguesa no início do século XX).

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