Relembrando a História do Brasil no seu Bicentenário de Independência (1822-2022) #3

POPB/003/2022

Crise Econômica na corte do Rio de Janeiro (2)

“Dom Pedro tinha uma proporção muito exata entre o que devia ser rendimento e o que devia constituir despesa... Com o regresso das corte para Lisboa, tinham declinado as transações mercantis, parado as obras de melhoramento, paralisado por assim dizer a vida econômica...”

Inaugurando sua política de economias, com Pedro começou por sua própria casa os cortes... os animais das cavalariças foram reduzidos de 1.200 a 156. No paço da cidade instalaram-se os ministérios, tribunais e repartições públicas de maior monta, poupando-se os alugueis das casas que ocupavam”.

“O Brazil, relata Oliveira Lima, estava convulso, quase anarchisado. Em Santos – é o próprio príncipe quem o relata em carta ao pai de 17 de julho (1821)- as tropas sublevaram-se, exigindo seus atrasados, e estando vazios os cofres do governo, decidiram pagar-se por suas próprias mãos, pilhando os ricos, ao que não foi possível oppor uma resistência eficaz. “

“Ao chegarem a 9 de Dezembro pelo brigue Infante D. Sebastião, os famosos decretos Nr. 124 e 125, que mandavam eleger e empossar dentro de dois (2) meses a junta fluminense e volver dom Pedro a Lisboa, este ainda escrevia ao pai que ia dar imediato cumprimento ás disposições transmitidas...”

A 14 de dezembro de 1821 Dom Pedro comunicava a Dom João VI que a publicação dos decretos das Côrtes fizera “um choque mui grande nos brasileiros e em muitos europeus aqui estabelecidos, a ponto de dizerem pelas ruas: se a constituição é fazerem-nos mal leve o diabo tal cousa; havemos fazer um termo para o Príncipe não sair, sob pena de ficar responsável pela perda do Brasil para Portugal...”

O príncipe entretanto informava que “sem embargo de todas estas vozes” se ia aprontando “com toda a pressa e sossego, afim de ver se posso, como devo, cumprir tão sagradas ordens, porque a minha obrigação é obedecer cegamente, e assim o pede minha honra, ainda que perca a vida”.

Na mesma carta pedia ao pai que fizesse saber ao Congresso que lhe serei “sensível sobremaneira” si fosse “obrigado pelo povo a não o exato cumprimento a tão soberanas ordens”.

No dia imediato, 15 de Dezembro, dando conta das representações que se preparavam pondo o dilema: “ou vai, ou nós nos declaramos independentes; ou fica, então continuamos a estar unidos, e seremos responsáveis pela falta de execução das ordens do Congresso (Cortes de Lisboa)”.

Fonte: O Movimento da Independência (1821-1822), Oliveira Lima. Com. Melhoramentos de São Paulo,1922.

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